Ao longo de todo o ano de 2024, o grupo Mamulengo Fuzuê realiza o projeto Viva o Mamulengo!, uma iniciativa de manutenção e difusão do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste no Distrito Federal. Reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil, o mamulengo ganha fôlego renovado neste trabalho que une salvaguarda, formação de novos brincantes, circulação de espetáculos e valorização da memória. A Candiá Produções assina a produção executiva do projeto, acompanhando desde a fase de planejamento e formatação até a execução e articulação institucional.
Realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), o projeto celebra os 17 anos do Mamulengo Fuzuê com um conjunto consistente de ações que reconhecem o grupo como um dos principais expoentes do teatro de bonecos na capital. A programação inclui apresentações em escolas, oficinas com mestres da cultura popular, vivências internas com o grupo, pesquisa teórica, restauração do acervo, além do lançamento de um livro e de uma exposição.
As atividades começam no dia 22 de maio, com a apresentação do espetáculo “A Chegança da Burrinha Calunga em Terras Candangas” na Escola Classe 40, em Ceilândia, reafirmando o compromisso do grupo com a formação de público e a valorização das linguagens populares nos territórios.
“Ser contemplado com esse edital de manutenção é uma grande conquista para nós, pois nos possibilita celebrar e compartilhar com o público os nossos 17 anos de trabalho e dedicação ao Teatro de Bonecos Popular. Essa oportunidade também nos dá ferramentas e condições para nos estruturar e seguir em frente”, afirma Thiago Francisco, brincante e fundador do Mamulengo Fuzuê.
Salvaguarda, formação e memória em foco
O projeto prevê a restauração de bonecos, figurinos e adereços do acervo do grupo, trabalho que será realizado pela artista Maria Villar. Em paralelo, o Fuzuê promoverá três vivências de capacitação interna com nomes fundamentais da cultura popular: o palhaço e diretor teatral Zé Regino, o mamulengueiro Chico Simões e o brincante Tico Magalhães.
Na frente teórica, o grupo contará com a orientação da pesquisadora e bonequeira Izabela Brochado, que acompanha a elaboração de uma pesquisa sobre o Teatro de Bonecos Popular no DF, com base em sua longa trajetória como artista e acadêmica na área. Todo esse processo resultará no lançamento do livro e da exposição “Mamulengo Patrimônio Brasileiro”, além da manutenção do site do grupo, importante ferramenta de memória e articulação digital.
Para a Candiá Produções, assinar a produção executiva de um projeto dessa natureza reforça seu compromisso com práticas que vão além da cena e tocam profundamente os campos da memória, da educação, da cultura como bem comum e do cuidado com os processos.
“O Viva o Mamulengo é um projeto que tem corpo, alma e chão. Ele atua no cuidado com o acervo, na formação continuada dos brincantes, na relação com as escolas e no fortalecimento da memória viva do teatro popular. Assinar sua produção executiva é, para nós, um gesto de reverência ao mamulengo e ao seu lugar fundamental nas expressões da cultura brasileira”, afirma Valéria Amorim, diretora da Candiá.
Mamulengo Fuzuê – 17 anos de história
É brincadeira aprendida com as tradições, é palhaço na rua, é boneco na tolda, é teatro que celebra a arte e a cultura popular. O parto do grupo aconteceu em 2007, no Ponto de Cultura Invenção Brasileira, em Taguatinga (DF). Com mais de 15 anos de carreira, é reconhecido como expoente da nova geração do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste. São sete espetáculos autorais e diversos prêmios, com passagens por festivais pelo DF, em todas as regiões do Brasil e em países como México e El Salvador. Atualmente, é formado pelo diretor e bonequeiro Thiago Francisco e pelos músicos e brincantes Maísa Arantes, Rene Bomfim, Joelma Bomfim, Layza Almeida, Gilson Alencar e Inácio Francisco.
A tradição do Mamulengo
O Mamulengo é a forma popular e tradicional do teatro de bonecos no Brasil. Uma tradição que nasceu nos interiores do Nordeste e se difundiu para outras regiões através dos processos de migração. É chamado de Mamulengo, em Pernambuco, Distrito Federal e São Paulo; de Babau, na Paraíba; de Calunga ou João Redondo, no Rio Grande do Norte; e de Cassimiro Coco, no Ceará, Piauí e Maranhão. Há diferentes versões sobre a origem do Mamulengo, uma delas conta que a irreverência encarnada nos bonecos nasce como invenção de africanos escravizados, em uma fazenda no interior do Nordeste, para contestar as relações de desigualdade social a que eram submetidos. Em 2015, foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, sendo batizado de forma unificada como Teatro de Bonecos Popular do Nordeste.
ESPETÁCULOS DO REPERTÓRIO
A Chegança da Burrinha Calunga Uma trupe de caminhantes viaja Brasil adentro em busca de um lugar ideal para viver e celebrar a vida: a brincante musicista Da Luz, o Tocador e um Bonequeiro. Todos seguem guiados pela Burrinha Calunga e os bonecos Mateus, Catita e Birico. No meio da jornada, a trupe faz festa, canta, dança e se envolve em diversas confusões, tendo que enfrentar a fome e enganar o Capiroto e a Morte para garantir a sua sobrevivência.
Benedito, Abençoado e Bendizido Benedito e Rosinha vivem uma história de amor e luta por trabalho e justiça. Enfrentando os desmandos do Capitão João Redondo, que tudo quer comprar e dominar com seu dinheiro e poder, Rosinha, Benedito e o Boizinho Fuzarca lançam mão de muita esperteza para fugir de perigos representados pela fantástica Cobra Anaconda. Os personagens dessa brincadeira convidam o público a um singelo e alegre passeio pelo imaginário popular brasileiro. Palhaço da Vitória, Janeiro, Cabo Zé Setenta, Vô Benza… Cada um entra em cena ao sabor do improviso e da interação com o público, guiados por canções populares executadas por músicos brincantes ou bonecos tocadores.
PROGRAME-SE
Viva o Mamulengo! QUANDO: durante o ano de 2024
Apresentações, oficinas e vivências!
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