Vivemos um tempo em que a crise climática já não é uma previsão distante, ela está aqui, agora. Enchentes, secas, calor extremo, insegurança alimentar: os sinais são claros. Mas mesmo diante desse cenário, ainda tropeçamos em sobrecarga informacional, negacionismos e discursos vazios.
É nesse contexto que a comunicação assume um papel central e inadiável. Como afirmou o naturalista britânico David Attenborough em seu último documentário, “salvar o mundo agora é uma questão de comunicação”. Não basta termos os dados corretos: precisamos de narrativas que atravessem a apatia, a polarização e o ceticismo. Precisamos comunicar não apenas a urgência, mas também criar vínculos, mobilizar pessoas e ajudar a reimaginar o mundo que queremos reconstruir.
A percepção climática e a espiral do silêncio
Uma pesquisa global revelou que 89% da população global apoia medidas mais contundentes para o enfrentamento da crise climática. No entanto, grande parte dessas pessoas acredita estar sozinha em sua percepção, como se o desejo por mudança fosse individual, e não coletivo. Esse fenômeno foi classificado como uma “espiral de silêncio” climática, onde o medo do julgamento inibe a manifestação pública de opiniões alinhadas com a sustentabilidade, reduzindo o potencial de mobilização e ação coletiva.
A Professora Teodora Boneva, da Universidade de Bonn, na Alemanha, que integrou a equipe responsável pela pesquisa envolvendo 125 países, destacou: “O mundo está unido em seu julgamento sobre as mudanças climáticas e a necessidade de agir. Nossos resultados sugerem que um esforço conjunto para corrigir essas percepções equivocadas pode ser uma intervenção poderosa, com amplos efeitos positivos.”
Esse vácuo entre percepção e expressão reforça um ponto-chave: a crise climática é também uma crise de comunicação. Não basta saber que o planeta está colapsando, é preciso escutá-lo, sentir seus sinais e traduzir sua linguagem de forma que ela mobilize e convoque.
Isso exige que a comunicação vá além da lógica técnica e abrace epistemologias diversas: indígenas, quilombolas, populares, em diálogo com a ciência e com os territórios. O papel da comunicação é tornar o invisível visível, conectar complexidade à experiência e informação à ação.
Comunicação: o que, por que e como
A comunicação socioambiental eficaz não se limita a campanhas informativas, ela é um processo contínuo de escuta, tradução, articulação e mobilização. Deve estar presente no planejamento institucional, na concepção dos projetos, nas estratégias de marca e nos canais de relacionamento com a sociedade.
Pesquisas nas áreas de psicologia do comportamento, marketing social e comunicação para mudança social indicam que informações isoladas, baseadas apenas em dados, raramente são suficientes para promover mudanças reais de comportamento. A transformação ocorre com mais força quando as mensagens se conectam emocionalmente com o público, refletem suas experiências e oferecem caminhos possíveis de ação, despertando tanto o senso de pertencimento quanto a percepção de que a mudança é viável.
Segundo o psicólogo Robert Cialdini, um dos princípios mais eficazes da persuasão é a prova social, ou seja, a tendência de seguirmos comportamentos que percebemos como comuns ou praticados por outros semelhantes a nós. Em versões mais recentes de sua teoria, Cialdini também destaca o princípio da unidade, que reforça o poder da identificação com causas e grupos aos quais nos sentimos profundamente ligados. Em ambos os casos, a sensação de fazer parte de algo maior aumenta significativamente a chance de engajamento e adesão a novas atitudes.
Por isso, uma comunicação climática eficaz precisa se apoiar em três premissas:
- Empatia e linguagem acessível: traduzir complexidade com clareza, sem abrir mão do rigor e sem subestimar a inteligência do público.
- Relevância territorial e cultural: não há comunicação eficaz sem escuta e respeito às diversidades de contexto.
- Convocação à ação: inspirar práticas reais, do consumo consciente à mobilização política.
E o marketing nisso tudo?
Durante décadas, o marketing foi acusado, com razão, de ser cúmplice do hiperconsumo e da lógica do descarte. A crítica permanece válida. Mas também é verdade que o mesmo marketing que moldou comportamentos pode agora ser convocado a mudá-los.
Como afirma Philip Kotler, no capítulo “O Estado Atual do Marketing”, do livro Marketing H2H – A jornada para o marketing human to human: “Se o marketing foi bem-sucedido em influenciar o comportamento humano para o consumo, ele também pode ser fundamental para incentivar comportamentos mais sustentáveis. Mudar a mentalidade egocêntrica e orientada para o consumo, atualmente dominante, é um desafio que o marketing pode assumir como objetivo maior da sua atuação.”
Na Candiá Produções, essa virada de chave não é promessa: é prática. Trabalhamos diariamente com organizações socioambientais, movimentos de base e coletivos, oferecendo estratégias de comunicação que não apenas informam, mas que mobilizam, educam e fortalecem o poder das narrativas públicas em favor da vida.
A palavra como semente
Acreditamos que comunicação é impacto, não adorno. Por isso, nos recusamos a tratar a pauta climática como tendência ou nicho. Para nós, ela é central, transversal a todas as causas. Porque o colapso ecológico não é apenas ambiental: é também social, econômico e simbólico.
E é neste ponto que atuamos: reconectando causas a pessoas, histórias a transformações, marcas a responsabilidades.
Seja em campanhas, roteiros, sites, eventos ou projetos editoriais, nossa meta é clara: que cada palavra plantada seja semente de mudança.
Para quem comunicamos?
Atendemos organizações do terceiro setor, coletivos de base, produtoras, fundações e projetos socioambientais que entendem que visibilidade e impacto caminham juntos. Que reconhecem o poder da comunicação não como fim, mas como ferramenta de articulação política e cultural.
Nosso objetivo é ser mais que prestadora de serviço: somos parceiras de causas. E nossa causa é essa: transformar a comunicação em instrumento de mudança.
Se você está criando soluções para o planeta, conte com quem comunica com a alma, com o território e com estratégia. Conte com a Candiá.
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