Pernambuco, berço de algumas das manifestações culturais mais ricas do Brasil, é o cenário da segunda etapa de gravações do documentário-ficção “A Maldição do Mamulengo”. O filme une elementos documentais e ficcionais para homenagear mestres que são guardiões dessa arte, destacando a importância do mamulengo como símbolo de resistência e criatividade na construção das identidades culturais nordestinas.
Com gravações em cidades icônicas como Olinda, Glória do Goitá, Nazaré da Mata e Vicência, o projeto celebra a resistência e a força criativa de bonequeiros que transformaram o mamulengo em um símbolo da cultura pernambucana.
Uma homenagem aos mestres pernambucanos
A produção tem como protagonistas grandes nomes do mamulengo, que não apenas preservam a tradição, mas também reinventam e compartilham seus saberes. Em Olinda, o Museu Tirida, Jurubeba e Água de Cacimba mostram a força dessa tradição. Em Pombos, Tonho de Pombos encanta com sua criatividade. Em Glória do Goitá, o Museu do Mamulengo reúne os mestres Bel, Bila e Titinha, enquanto a Família Lopes, com Neide e Cida, perpetua o legado cultural, ao lado de Zé de Bibi, reconhecido como Patrimônio Vivo. Em Carpina, Bibiu, João Galego e Miro representam a riqueza de estilos da região. Em Tracunhaém, Beto de Tracunhém traz a força da tradição local, enquanto em Nazaré da Mata, Vitalino, também Patrimônio Vivo, inspira com sua arte. Já em Vicência, Calú, mais um Patrimônio Vivo, reafirma a vitalidade do mamulengo no estado.
Sob a direção de LeoMon, o filme promove um encontro entre o imaginário popular e as questões sociais contemporâneas. “Pernambuco é a alma do mamulengo. Trazer esses mestres para o centro da narrativa é uma forma de valorizar a cultura, dar voz aos brincantes e eternizar essa tradição no cinema”, explica o diretor.
Entre a resistência e o encantamento
A origem do teatro de bonecos no Brasil remonta a influências gregas, chinesas e portuguesas, mas seu mito fundador, amplamente difundido entre os brincantes, têm raízes afro-brasileiras. Segundo Mestre Ginu, bonequeiro pernambucano, o mamulengo nasceu nas senzalas, onde o povo escravizado, em meio à opressão, criava bonecos de madeira para contar histórias de resistência e libertação. Esses bonecos transformaram-se em símbolos de reinvenção cultural e deram origem a um teatro popular que atravessou gerações e fronteiras.
Hoje, essa arte é chamada por diversos nomes — Babau, João Redondo, Calunga, Cassimiro Coco —, adaptando-se às especificidades de cada região nordestina que a representa. No Distrito Federal a tradição encontrou terreno fértil graças à migração de nordestinos durante a construção de Brasília, gerando um vínculo profundo com a identidade cultural local. “O mamulengo carrega as histórias de um povo que resistiu e se reinventou. Ele nos lembra que a cultura é um espaço de luta e transformação. Por isso, queremos que este filme vá além do entretenimento, abordando questões raciais, sociais e de gênero, enquanto preserva e celebra a tradição”, afirma LeoMon, cineasta e diretor do longa.
No contexto do filme, “maldição” não tem relação com pragas ou negatividade, mas com um encantamento inquebrável. Inspirado no termo hebraico “arar”, que significa “prender por encantamento”, o nome traduz o testemunho de mestres bonequeiros que, ao serem “batizados” na brincadeira, dedicam suas vidas a ela. Mesmo aqueles que tentaram se desfazer de seus bonecos relatam que o mamulengo os chama de volta, como guardiões de uma tradição viva e encantada.
Sobre o filme
Contemplado pelo Edital Nº 21/2023 – AUDIOVISUAL da Lei Federal Paulo Gustavo, o longa é uma realização coletiva, com produção da Cinese Audiovisual, em parceria com a Candiá Produções e a Aicon Ações Cinematográficas, e apoio da Associação Fuzuê de Arte e Cultura e da Locadora Posh. Sob a direção de LeoMon, cineasta com ampla experiência em projetos que exploram as manifestações culturais brasileiras. o projeto reúne uma equipe de profissionais experientes e comprometidos com a valorização da cultura popular. A pesquisa é conduzida por Thiago Francisco, brincante e bonequeiro do Mamulengo Fuzuê, que agrega ao filme sua vivência e conhecimento sobre o Teatro de Bonecos Popular do Nordeste. Na direção de arte, Maíra Carvalho, premiada no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Helder Fruteira assina a direção de fotografia, Olivia Hernández Fernández conduz direção de som e a trilha sonora original é assinada por Maísa Arantes e Marcelo Neder.
O documentário-ficção tem como objetivo não apenas documentar, mas também celebrar o Teatro de Bonecos Popular do Nordeste como uma expressão de resistência e reinvenção cultural. Para acompanhar as novidades e conhecer mais sobre os mestres do mamulengo, acesse o site: cineseaudiovisual.com.br
SERVIÇO
O quê: Gravações do documentário-ficção “A Maldição do Mamulengo”
Onde: Olinda, Pombos, Glória do Goitá, Carpina, Tracunhaém, Nazaré da Mata e Vicência – Pernambuco
Site: www.cineseaudiovisual.com.br
Redes sociais: @cineseaudiovisual
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