Mundim na III Bienal do Livro de Brasília

A poetisa maranhense Lília Diniz realizará 8 intervenções performáticas do “Mundo de Mundim” na III Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em Brasília/DF.  O evento está sendo realizado no Estádio Nacional Mané Garrincha, diariamente das 9h às 22h, com entrada franca. 

O trabalho procura difundir a força da oralidade e da musicalidade contida no universo da literatura popular, por meio da seleção de poemas e cantigas que retratam o  universo de brasileiros que não têm ou não tiveram acesso ao livro, dos autores que não foram à escola e da experiência própria da autora/intérprete, que aprendeu a ler nos folhetos de literatura de cordel.

Na performance a artista interpreta a história de Mundim, uma criança de 10 anos que vive em situação de trabalho escravo e nunca viu um livro. Ao se deparar com esse “objeto estranho”, espantado e curioso vai ao encontro da mãe querendo respostas. A mãe sabe que “saber é perigoso” e tenta fugir das perguntas do filho. Mundim, como toda criança, continua a questionar e, na conversa com a mãe, chega às suas conclusões. Uma delas é que o conhecimento liberta.

Apresentando, ainda, versos de Patativa do Assaré e de sua autoria, entrelaçando o trabalho com cantigas e ao som do pandeiro, a autora/intérprete apresenta uma performance poética cheia de prosa e diálogo direto com o público, a interação é permanente. A apresentação tem cerca de 40 minutos, é reflexiva, bem-humorada e tem classificação livre.

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“Mundim é um menino
que vive a sonhar
dormindo ou acordado
ele sonha sem parar

Mundim trabalhava muito
trabalhava sem parar
com sua mãe e os doze irmãos
para a riqueza do patrão aumentar

Fazenda que não é dos seus pais
nem de quem nela trabalhava
A linda fazenda era
do chamado doutor patrão
homem rico, muito rico
dono de mais um trilhão

Doutor patrão fazia escravo
homem, mulher e criança
na sua bonita fazenda
não plantava esperança

Tinha infinitos pés de cana
bois e vacas incontáveis
e o Mundim vivia lá
na fila dos miseráveis.

Cortando cana na linda fazenda
enriquecendo o rico patrão.
Não brincava, nem estudava
pois tempo não tinha não.

Doutor patrão era muito rico
às custas da exploração
do homem e da natureza
e com sua plantação
de cana, soja e capim
causava sofrimento
e muita devastação.

Mundim não sabia ler,
livro então não conhecia
escola nem chegava a sonhar
mas era sabido, a mãe sabia

Um dia passava Mundim
e viu o filho do patrão
com algo muito estranho
que lhe chamou a atenção

Foi perguntar à mãe o que era aquilo.
Qual o nome? Pra que servia?
A mãe ficou no embaraço
sem saber mesmo se deveria
contar ao menino esperto.

Saber era perigoso. A mãe sabia.

Mas vamos deixar os dois
sobre o assunto conversar?
Vamos com Mundim descobrir
e outras perguntas formar.

Seria o algo perigoso?
Seria arma? Poderia matar?
ou seria aquilo então
chave para se libertar?”

Publicado: 21 out, 2016

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Valéria Amorim

Especializada em comunicação, marketing e eventos, atuante no mercado desde 2008. Transita entre projetos de fomento à cultura, comunicação popular, meio ambiente, direitos humanos e empreendedorismo. Em 2016 fundou a Candiá Produções, uma agência 360º que atua de forma integrada no desenvolvimento de estratégias personalizadas, gerando soluções assertivas e experiências memoráveis para marcas, empresas e organizações. Em 2021 tornou-se Embaixadora Women Techmakers (WTM BR) – programa global do Google para promover a inclusão das mulheres na área da tecnologia, e em 2022 foi certificada como Associada de Marketing Digital Meta – certificação que concede credenciais e reconhece as qualificações e competências dos profissionais de marketing em criar, publicar e monitorar campanhas nos produtos da Meta: Facebook, Messenger for Business e Instagram.

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